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sábado, 16 de abril de 2011

A Segurança Municipal

O assassino Wellington Menezes de Oliveira diz em vídeo que o bullying sofrido por ele foi a principal motivação para o massacre em Realengo. A Secretaria de Segurança Pública do Rio divulgou ontem, novo material, que inclui vídeos, fotos e textos, encontrados no computador do assassino.

divulgaçãoCom os dois revólveres, de cabeça baixa e parecendo concentrado: a imagem esquizofrênica de que ele tinha uma missão a cumprir
Com os dois revólveres, de cabeça baixa e parecendo concentrado: a imagem esquizofrênica de que ele tinha uma missão a cumprir
O acervo mostra a preparação de Wellington, não só para as mortes, mas para a repercussão que o caso teria. Lendo textos ou falando diretamente para a câmera, Wellington contraditoriamente justifica o assassinato das 12 crianças como uma resposta aos “covardes”.

“Eu era agredido, humilhado, ridicularizado (...), mas o que mais me irrita hoje é saber que esse cenário vem se repetindo sem que nada seja feito contra essas pessoas covardes e cruéis”, diz.

Referindo-se às vítimas de bullying como “irmãos”, o assassino culpa as “autoridades escolares” por cruzarem os braços diante do problema, e diz que, não fosse por isso, estaria vivo, assim como todos que matou.

Em um dos vídeos, o assassino “parabeniza” o garoto australiano Casey Heynes, famoso depois da divulgação na internet de um vídeo em que se defende de bullying. Wellington cita também o sul-coreano Cho Seung-Hui, que invadiu o Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (EUA), em 2007, matando 32 pessoas; e Edmar Aparecido Freitas, que entrou atirando, em 2003, no colégio onde estudou em Taiúva (SP), ferindo 8 pessoas, e depois se matou.

Em outra gravação, já sem barba, Wellington se despede. “Hoje é quarta-feira, dia 06 de outubro de 2011 (sic), já são quase 7 horas da noite, daqui a pouco estou saindo de Sepetiba e me dirigindo para Realengo onde ficarei hospedado no hotel Shelton pra me preparar (..) Este é meu último discurso”, diz. 

Há também 7 fotos do assassino. Nelas, Wellington aparece segurando duas armas, apontando uma delas para a câmera e, em outra foto, para a própria cabeça.

Mais uma vítima

Horas depois de saber notícias da neta,  a idosa Lina Martins, aos 92 anos, avó da menina Laryssa Silva Martins, uma das 12 crianças assassinadas na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, morreu ontem de madrugada.

Segundo Gerson da Silva Guilherme, padrinho da menina, desde o dia do crime, 7 de abril, a família tentava poupar dona Lina da tragédia. Na noite de quinta-feira (14), a filha mais velha da idosa, após muitas perguntas, disse que Laryssa não estava bem.

“Ela foi tirada da casa dela, onde morava com a Laryssa, e levada para a casa da filha, que é pertinho. A Laryssa cresceu com ela. Ela ficou sabendo que algo muito ruim tinha acontecido, por volta de meia-noite. Ela foi dormir com aquela angústia, aquela tristeza, e na madrugada morreu”, disse Gerson, de 47 anos, que é motorista de ônibus.

Segundo ele, dona Lina sofria de Alzheimer, porém tinha momentos de lucidez. Ela deixou três filhos, duas mulheres e um homem, Clóvis Martins, filho caçula e pai de Laryssa. O corpo da idosa continua em casa, aguardando um médico para poder fazer a remoção. Gerson afirmou ainda que o enterro será no cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio.

“Clóvis fez 60 anos na segunda-feira (11). O presente que ele recebeu foi a morte da filha e agora da mãe”, desabafou Gerson. O padrinho de Laryssa contou ainda que Clóvis, assim como a família, continua inconformado com a morte da filha, de 13 anos. “A família agora continua enlutada. Parece que a nossa dor não vai ter fim”, afirmou.

Prefeitura vai indenizar familiares das vítimas

O prefeito Eduardo Paes confirmou, nesta que vai indenizar as famílias das 12 crianças mortas no ataque à escola de Realengo. O crime aconteceu no dia 7 e deixou também outras 12 crianças feridas, mas o órgão não decidiu se elas também serão beneficiadas.

“A prefeitura resolveu que vai indenizar as famílias que perderam seus entes queridos”, diz Paes. “Essas famílias passaram por um sofrimento que é indescritível, que nada compensa, nada resolve. É uma perda irreparável, mas a gente entende que algum tipo de indenização deve ser discutido”, afirmou ainda Paes.

O prefeito explica que já entrou em contato com o defensor público geral do estado e o procurador geral do município para tratar dos critérios técnicos e calcular o valor da indenização. A data do pagamento também ainda não foi definida.

Na quinta-feira (14), a dona de casa Noeli da Silva Rocha, de 38 anos, mãe da menina Mariana Rocha, uma das 12 crianças mortas no ataque, informou que pretende processar o colégio.

O dono do revólver calibre 38 usado por Wellington Menezes de Oliveira no massacre em Realengo foi preso ontem pela Polícia Civil do Rio. Manuel Freitas Louvise, de 57 anos, confessou ter vendido a arma, carregadores e munição, mais de uma vez, ao assassino-suicida. Segundo a polícia, os dois trabalharam juntos na Rica Alimentos, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. 

Crianças recebem visita de Ronaldinho

O jogador do Flamengo, Ronaldinho Gaúcho, causou tumulto em sua chegada ao Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. Ele foi visitar as vítimas feridas na tragédia da Escola Municipal Tasso da Silveira.

“Foi muito emocionante encontrar com as crianças. Eu soube que um dos meninos é flamenguista e que queria me conhecer. Isso motivou a minha vinda. Estou muito feliz de estar trazendo um momento de alegria para essas crianças”, disse ele.

Ronaldinho contou que ele conversou com as crianças sobre futebol. “É bom saber que o futebol tem o poder de trazer alegria para o povo e para as crianças. Desejei a todos que tenham uma recuperação excelente”, disse.

Ronaldinho deixou o hospital em Realengo e seguiu para o Hospital estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para visitar outros adolescentes internados.

Já no Hospital Adão Pereira Nunes, Ronaldinho foi ovacionado por funcionários e visitantes. O craque acenou e, antes de entrar no helicóptero, posou para foto ao lado do menino Wallace de Oliveira, 13 anos, que fraturou o joelho ao cair de bicicleta e está internado na unidade.

Foi muito bom. Eu gosto muito dele”, disse o garoto, ao lado da mãe, a dona de casa Lucíola Maria Gomes, 28, que, como o filho, também é flamenguista. O craque ficou poucos minutos no hospital e não chegou a falar com a imprensa. Só disse que foi “emocionante, emocionante” ao responder a pergunta de como foi o encontro com a crianças vítimas da tragédia em Realengo. E, já a bordo do helicóptero, voltou a acenar para os fãs na despedida.

Escola vai reabrir na segunda (18)

Na segunda-feira, a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, retomará as aulas, após o maior massacre em uma escola brasileira. Mas muitos jovens não querem voltar ao colégio e mães decidiram até se matricular na escola para tentar superar o trauma dos filhos.

Pais, professores e psicólogos tiveram ontem, durante uma reunião para preparar o retorno das atividades, uma amostra da difícil tarefa de convencer os alunos a retomar a rotina. Muitos do turno da manhã, que presenciaram a morte de 12 colegas há uma semana, estão traumatizados e não querem voltar ao colégio. 

A escola marcou o retorno dos alunos do turno da tarde para segunda-feira, às 13 horas. O turno da manhã voltará às aulas no dia seguinte. A Guarda Municipal vai manter um agente na porta do colégio durante os três turnos - e um carro da Polícia Militar já está de guarda no local. 

O medo das crianças alterou a rotina de várias famílias. A costureira Rosângela da Costa Cruz, de 46 anos, até se matriculou na escola e voltará a estudar, a pedido da filha, Lorrainy Cruz, de 15 anos. A garota não aceita ir à escola sozinha, depois que viu a melhor amiga, Laryssa, ser assassinada pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira. 

Lorena Rocha, de 14 anos, não considera a hipótese de pisar na escola novamente. Suas primas, as gêmeas Bianca e Brenda, foram baleadas pelo atirador. A primeira morreu, e a segunda ficou ferida. A mãe de Lorena já conseguiu uma bolsa de estudos para a sobrevivente, em um colégio particular da região. 

“Aqui não tem clima. Uma sobrinha minha está morta e a outra levou dois tiros nas mãos e tem uma bala alojada na nuca. Não posso pedir para minha filha voltar”, disse Perla Rocha, de 34 anos. Elisabeth Gomes do Nascimento, de 32 anos, esteve ontem no colégio para ouvir do psicólogo o que fazer com o filho Matheus, de 10. “Ele só dorme com a luz acesa e toma banho com uma vassoura escorando a porta, para não fechar. Ele diz que não quer sair, porque tem muita gente maluca no mundo.” 

Cinco vítimas permanecem internadas

A secretaria estadual da Saúde informou ontem que cinco crianças feridas na tragédia de Realengo permanecem internadas. Quatro ainda estão em CTIs de hospitais da rede estadual. J.O.S., de 14 anos, passa bem, lúcido e orientado, no CTI pediátrico do Hospital Estadual Alberto Torres; L.V.S.F., de 13, respira sozinho, com quadro estável em observação permanente no pós-operatório da neurocirurgia, no CTI pediátrico do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes; T.T.M., de 13, está estável, lúcida e orientada, no CTI pediátrico do mesmo hospital. 

E.C.A.A., de 14 anos, apresenta estado regular, respira sem ajuda de aparelhos, está lúcido, internado no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Estadual Albert Schweitzer, e D.D.V., de 12 anos, continua evoluindo bem, em leito de enfermaria no mesmo hospital.
Postado por administrador do Blog administrador Instrutor GM/RIO André

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