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terça-feira, 27 de março de 2012

Guardas protestam por direito de usar armas de fogo

Episódios de domingo, quando dois agentes da Guarda Municipal foram baleados e outros cinco feitos reféns, reacenderam a discussão. Guardas repudiam o fato de usarem apenas armas de choque


Alegando “situação de risco”, agentes da Guarda Municipal de Fortaleza decidiram cruzar os braços, na manhã de ontem. A paralisação, que deve ser repetida hoje, é um protesto motivado pelos episódios ocorridos no último domingo, quando dois agentes foram baleados em um terminal de ônibus e outros cinco foram feitos reféns durante assalto na Câmara de Vereadores. Temerosos, os guardas exigem permissão da Prefeitura para utilizarem armas de fogo e coletes à prova de bala. Eles não aceitam usar somente pistolas de choque “taser” como armamento.
“Não existe segurança desarmado. Exigimos a utilização de armas de fogo, de algemas, de colete à prova de bala, além de equipamentos não letais, como o gás de pimenta e bombas de efeito moral. Porque aqui, a guarda ainda está na base da pedrada”, criticou o presidente do Sindicato dos Guardas Municipais (Sindiguardas-CE), Márcio Cruz.
A questão é polêmica e já foi objeto de protesto durante a greve dos agentes em 2009. Segundo o dirigente, a lei federal 10.826/2003, do Estatuto do Desarmamento, permite a utilização de armas de fogo por homens da Guarda Municipal. Além disso, de acordo com Márcio, a Lei Orgânica do Município, de 2001, também assegura esse direito aos agentes. “Só falta a prefeita (Luizianne Lins) sancionar. É vontade política dela. Acho que o governo só vai fazer alguma coisa quando morrer algum guarda”, afirmou.
“Questão é delicada”
Secretário da Guarda Municipal e Defesa Civil de Fortaleza, Arimá Rocha, definiu a reivindicação dos servidores como “delicada e relevante”. Contudo, adiantou que a Prefeitura não deve permitir o uso de armas de fogo pelos agentes, como sugere o Ministério da Justiça.
“Diante dos fatos, a manifestação deve ser entendida de forma razoável. É legítima e compreensível. Mas a postura da administração é de priorizar o armamento não letal, como a utilização das armas taser”, afirmou.

Entretanto, Arimá admitiu que a utilização de armas de fogo pode ser uma “necessidade na realidade de hoje” e que levará o caso ao governo municipal. “Nossa postura será a do diálogo. Muita coisa que eles dizem são ponderáveis. Mas essa é uma discussão que deve passar pela população de Fortaleza, dialogada com responsabilidade”.
A manifestação foi realizada, pela manhã, em frente à sede da Guarda Municipal e Defesa Civil, no Rodolfo Teófilo. Uma nova paralisação geral está prevista para hoje, em frente à Câmara, às 9 horas.
ENTENDA A NOTÍCIA
Após os episódios de domingo, em que dois agentes foram baleados em um terminal e outros cinco foram feitos reféns durante um assalto, os guardas resolveram protestar pela utilização de armas de fogo. Eles afirmam que não é possível trabalhar com segurança desarmados
Saiba mais
A polêmica sobre o uso de armas taser veio à tona na última semana, após a morte de um brasileiro durante abordagem policial em Sydney, na Austrália. Ele foi alvo de três ou quatro disparos da arma.
Já no último domingo, um homem de 33 anos morreu após ser imobilizado por policiais militares que utilizavam pistolas taser, em Florianópolis, Santa Catarina. Segundo a esposa, ele estava sob o efeito de drogas.
Atualmente, forças de segurança municipais, estaduais e federais, como os policiais da Força Nacional, já utilizam o equipamento de baixa letalidade.

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