Wesley Rodrigues / Hoje em Dia
Comandante da Guarda Municipal de BH, Rodrigo Sérgio Prates
Comandante da Guarda Municipal de BH, Rodrigo Sérgio Prates

Apesar de ser uma força de segurança gerida pela Prefeitura de Belo Horizonte, a Guarda Municipal sempre teve policiais militares reformados em seu mais alto cargo gestor. Agora, pela primeira vez em 12 anos de existência da corporação, um profissional de carreira está à frente da tropa, formada por 2.117 agentes. Servidor público municipal desde 2003, Rodrigo Sérgio Prates assumiu no mês passado com a missão de aperfeiçoar o trabalho dos agentes, reforçar a parceria no combate a criminalidade e implantar o armamento. Em entrevista ao Hoje em Dia, o novo comandante fala sobre os desafios futuros.
 
Qual é a finalidade de atuação da Guarda Municipal em Belo Horizonte?
O enfoque é estar próximo do cidadão. Ser um agente que esteja sempre de forma integrada à sociedade e que não seja visto como uma autoridade distante. Nossa função é dar segurança, conforto. Nós nascemos do caráter comunitário.
 
Quais são essas atribuições?
Hoje, a Guarda Municipal é um agente de segurança pública com atribuições semelhantes às de outras instituições de segurança. Isso, na prática, revela que o agente tem condições de fazer o ciclo típico de polícia na ocorrência em que está envolvido.
 
Como trabalhar em conjunto com as demais forças de segurança?
Os objetivos são comuns. Cito o exemplo do Samu e dos Bombeiros, em que o propósito de ambos é o resgate. São instituições independentes e extremamente parceiras. Esse é o futuro que almejamos para a Guarda. Se pegarmos a realidade de outros países, a diversidade de forças garante a atuação harmoniosa. Temos atribuições bem definidas e um ambiente muito bom com as outras instituições de segurança. É algo que a gente vai procurar cultivar.
 
E como seria a formatação desse trabalho conjunto?
É preciso reunir previamente para realizar planejamento de atuação. Mas não é algo que vamos enfrentar dificuldade. Muito pelo contrário, somos muito parceiros. E eles (as polícias) veem a Guarda dessa forma também.
 
Como lidar com questões de conflitos? No início do ano aconteceu um atrito entre uma agente da Guarda Municipal e um policial militar
O que aconteceu na Praça Rio Branco foi uma situação lamentável, que não tem conotação institucional. O caso não deixa de ser lamentável por isso, mas nenhuma das duas instituições queria que esse fato acontecesse, foi uma exceção. Não é uma constante nas corporações e isso não reflete a forma como todas as outras relações dessas instituições foram totalmente harmônicas e foram fundamentais para os agentes da Guarda.
 
Após episódio, a corporação reavaliou o seu estatuto?
Nós temos um planejamento constante e não somos pautados a respeito de situações ou episódios. Nós buscamos isso a todo momento. É algo que nos motiva a rever. Isso é uma constante.
 
Quais são as mudanças previstas para a Guarda Municipal?
Estamos em um processo de construção permanente. Eu diria que o uso de arma de fogo é a mudança mais importante. É interesse do Executivo e vai ser em breve. A própria alteração no comando da Guarda Municipal para um servidor de carreira causa reflexos diretos na instituição e na prestação de serviço. O que temos de deixar claro é que não é uma ruptura da corporação com o que já foi feito, mas uma continuidade com uma nova cara.
 
Como está sendo realizada a preparação para o armamento na Guarda Municipal?
O planejamento sobre quais agentes andarão armados não está consolidado. Nossa intenção é dar oportunidade a todos os servidores de participar do treinamento. Com isso, todo o efetivo estará apto a manusear o armamento.
 
A Guarda Municipal está fazendo algum mapeamento ou estudo para saber quais seriam as regiões contempladas para essa atuação de agente armado?
Estamos realizando um mapeamento e um planejamento baseado em dados de violência e em número de ocorrências que destacam a vulnerabilidade dessas regiões em que o agente armado será melhor aproveitado.
 
E como será o treinamento?
Estamos na fase de processo licitatório a respeito de qual empresa irá ministrar os treinamentos técnicos e práticos. Lembro que os agentes já possuem treinamento especializado para repressão a criminalidade.
 
Qual a expectativa para os primeiros agentes irem para a rua armados?
Esperamos que em breve comecem os treinamentos práticos e, ao fim deste ano, estejamos com o primeiro grupo realizando o treinamento prático. Em tese, a partir da conclusão desse treinamento, vamos ter agentes aptos para portar arma de fogo em serviço. Acredito que no primeiro semestre de 2016 tenhamos guardas armados nas ruas de Belo Horizonte. É o calendário que está proposto.
 
O que a resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) muda na postura da Guarda Municipal referente aos trabalhos realizados no trânsito?
A decisão do STF apenas ratifica um trabalho que a guarda já executava. Essa solução já era esperada por nós, e não havia alternativa. A decisão não impactou nossa rotina porque é algo que já fazíamos. Estamos mais preocupados com a fluidez do trânsito, com o controle operacional da nossa frota de veículos do que com as multas. Isso é uma condição que não é uma expectativa do agente produzir. Isso é uma consequência para condutores que não respeitam as leis de trânsito. Nosso aspecto de atuação é sempre preocupado com a mobilidade da cidade.
 
O contingente da Guarda hoje é suficiente com todo esse aumento de atuação na cidade?
Temos profissionais que se desdobram e fazem isso por amor à instituição, por amor à atividade de segurança pública. Hoje correspondemos a nossa demanda com um grau muito bom de aproveitamento. A realidade de efetivo da Guarda Municipal tem de ser construída, analisada e buscada pela prefeitura, mas hoje cumprimos nossa demanda com o efetivo que nós temos.
 
O que a população pode esperar dessa nova Guarda Municipal?
Agentes qualificados para lidar com as circunstâncias que o cidadão enfrentar de dificuldade. Servidores receptivos, interessados e que estarão em um esforço não só da instituição, mas como já percebo da estrutura de governo, devidamente reciclados, qualificados.
 
Como a Guarda Municipal irá atuar para diminuir a questão do roubo no hipercentro?
Vamos atuar em conjunto com a Polícia Militar para o combate ao crime e também vamos ter esse enfoque de prevenção aos crimes de furto e roubo. Essa atuação já está presente através de um planejamento que estamos realizando em conjunto com a PM.
 
O que o novo comando pretende fazer a respeito das segway que estão encostadas por falta de manutenção?
Observamos que o custo- benefício de manutenção desses equipamentos é muito elevado. Hoje toda a nossa frota de veículos é terceirizada, o que viabiliza o atendimento e não deixa a corporação sem viaturas. A segway é um equipamento caro para manter a sua operacionalidade, apesar de termos algumas funcionando na rodoviária