"Nós não vamos tratar delinquentes marginais como problema social. Isso é problema de segurança pública", afirmou nesta terça-feira o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Em coletiva de imprensa marcada para responder à onda de assaltos e arrastões do último fim de semana, o peemedebista anunciou que irá antecipar a Operação Verão da Guarda Municipal, que teria início em 3 de outubro, para o próximo fim de semana.
Paes disse ainda que está colocando a Guarda Municipal à disposição das forças de segurança pública do governo do estado para evitar novos arrastões. Os eventos dos últimos sábado (19) e domingo (20), de acordo com o prefeito, foram "absurdos". "Eu estava fora do Rio e pelas imagens que eu vi, o apoio da Guarda é importante", opinou. A ideia, entretanto, não é armar a Guarda Municipal. "A prefeitura não assumirá a função que é da segurança pública", frisou Paes.
O secretário de Ordem Púbica, Leandro Matieli, também esteve presente na coletiva e se mostrou confiante em relação ao adiantamento da Operação Verão. Por fim, Eduardo Paes confirmou que o vice-prefeito Adilson Pires (PT) e representantes da Guarda Municipal irão se reunir, na tarde desta terça, com o secretário de segurança pública José Mariano Beltrame.
Beltrame diz que polícia está 'constrangida' para coibir arrastões
Em entrevista ontem (21) à Rádio CBN, Beltrame disse que a polícia está "constrangida" para coibir os arrastões nas praias da cidade. Isso porque a Justiça do Rio proibiu que os policiais apreendessem menores sem flagrante. “Se a polícia atua, abusa do poder, se não atua está prevaricando. Conseguiram constranger a polícia”, declarou o secretário.
Ele ainda anunciou a volta das abordagens em ônibus, que nesta terça foi reforçada pelo governador do estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB). "A palavra que fundamenta a abordagem da polícia chama-se vulnerabilidade. Eu pergunto para essas pessoas: como que o jovem sai, por exemplo, de Nova Iguaçu, a 30 km da praia, só com a bermuda e sem R$ 1 no bolso para comer, beber, pagar um transporte e vai ficar no calorão que está fazendo? Não se trata de ser pobre ou rico, se trata de vulnerabilidade", disse Beltrame.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional de Infância e Juventude do Ministério Público do Rio, Marcos Fagundes, não concorda com a alegação de vulnerabilidade. Para ele, o fato de estar longe de casa e sem dinheiro não justifica o recolhimento de um menor a caminho da praia. "Ele pode pegar dinheiro emprestado, dormir na casa de um parente na zona sul. Não é vulnerável apenas nessa condição", explica.
O fim de semana marcado por assaltos e confusão no Rio de Janeiro assustou a população carioca e gerou um intenso debate não apenas em relação ao papel da polícia na prevenção desses crimes, mas também sobre a decisão de moradores de fazer justiça com as próprias mãos. Os justiceiros interceptaram ônibus superlotados que levavam banhistas para suas casas, na volta da praia, causando momentos de pânico na zona sul da capital.
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