Carnaval: FBI em ação no Rio
Sistema da polícia americana será usado pelas forças de segurança para caçar bandidos
POR ISABEL BOECHAT
Rio - A Polícia Militar contará com um reforço high-tech para combater a criminalidade no Carnaval. Um sistema de inteligência criado pela Polícia Federal dos Estados Unidos, o FBI, fará a integração entre todas as forças de segurança atuantes no Rio de Janeiro. O software, coração do chamado Centro de Comando Virtual (CCV), começa a ser usado no Brasil durante a folia carioca.
O anúncio foi feito ontem, durante o treinamento de Prevenção a Lesões e Mortes de Policiais em Serviço, oferecido pelo FBI aos comandantes de unidades da PM, em Sulacap. No ano passado, o programa foi testado durante jogo no Estádio do Engenhão.
Arte: O Dia
A princípio, os agentes cadastrados no sistema poderão postar ou ligar para o CCV, além de informar ocorrências e até mesmo enviar fotos de ações criminosas e infrações diretamente do local do fato. Essa notificação será enviada em tempo real para as polícias Civil, Federal e Militar, além da Guarda Municipal.
Segundo David Brassanini, adido do FBI na Embaixada dos EUA em Brasília, a integração facilitará a identificação de criminosos e a resolução de crimes. O CCV funciona também como um banco de dados que serão divididos em ferramentas de grau de periculosidade e emergências.
“O agente de segurança poderá usar rádios, telefones celulares, computadores e palmtops para registrar, por exemplo, brigas e a presença de pessoas não autorizadas no local do evento. Ele nunca foi nem nunca será hackeado”, garantiu o policial.
Ainda segundo ele, o sistema integra também as polícias que já receberam o software, como as de Tóquio (Japão), Moscou (Rússia), Iraque, EUA, entre outras. São 41 países e 160 mil usuários. A ferramenta virtual foi criada após o ataque terrorista às Torres Gêmeas, em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001.
Brassanini frisou que a difusão de informações entre agências ou órgãos de segurança no mundo já auxiliou países em grandes catástrofes, como o terremoto no Chile em 2010.
“O VCC (sigla do centro virtual, em inglês) entra no Brasil através do Rio de forma definitiva, principalmente em grandes eventos, como Carnaval, Rock in Rio, Copa do Mundo e Olimpíadas. Essa é uma das parcerias do Brasil com o FBI. Já temos outras no que diz respeito a investigações sobre entorpecentes e melhorias no trabalho de peritos”, disse.
Cursos para reduzir mortes
Ajudar a reduzir as mortes de PMs no Rio é o principal objetivo do treinamento oferecido pelo FBI a 150 oficiais da PM, que repassarão as lições aos seus comandados. A parceria foi antecipada pelo Informe do DIA na segunda-feira. Sete representantes da Polícia Federal dos EUA estão no Rio para passar técnicas e sugestões de conduta física e psicológica aos PMs. “Não temos um objetivo numérico. Se diminuirmos uma morte da estatística já seria bom, mas é claro que pretende-se uma queda drástica nesses números”, ponderou o norte-americano David Brassanini.
PMs participam de um treinamento ministrado pelo FBI no auditório da Academia de Polícia Militar, em Sulacap | Foto: Eduardo Naddar / Agência O Dia
A missão não será muito fácil. Somente no Rio de Janeiro, desde 1995, foram mortos 459 policiais militares em serviço e 1.843 quando estavam de folga.
Só no ano passado, 21 policiais morreram em serviço e 107 durante as folgas. Isso apenas no Rio. Em todo os EUA, em 2010, 45 policias foram assassinados.
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