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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tumulto entre guardas e banhistas gera debate sobre segurança


O incidente ocorrido no Coqueirão, na tarde da última terça-feira, na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, dividiu as opiniões de quem presenciou a confusão. Entretanto, tanto a atitude da Guarda Municipal (GM), quanto a reação dos populares, convergiram na sensação descrita por defensores de ambas as partes envolvidas como insegurança.
Gustavo Lourenço Jorge Guimarães, autor de um dos vídeos com imagens do tumulto, conta que a reação das pessoas na praia foi fruto da sensação de opressão imposta pela atitude da Guarda Municipal. "Foi uma reação espontânea. Você vê um jovem que está sendo arrastado pelo pescoço, as pessoas pensam que poderia ser um amigo, um parente delas. Você se pergunta 'o que é isso que tá acontecendo?', se sente completamente impotente", relatou.
O historiador de 25 anos contou que estava próximo a um dos postos da GM instalados na praia, quando viu a chegada do reforço. "O que vi foi os guardas pegando o cara e o arrastando pra fora da praia. As pessoas começaram a dizer que não precisava de nada daquilo, até que alguém jogou uma cadeira. A partir daí as pessoas espontaneamente começaram a jogar as coisas", descreveu.
Para Guimarães, a principal sensação gerada pelo momento foi a insegurança. Ele afirma que mesmo que alguma coisa errada, como o "altinho" (prática esportiva semelhante ao futevôlei e ao frescobol) estivesse acontecendo, do ponto de vista de segurança, o clima na praia, no momento da abordagem, era de tranquilidade. "Eles instauraram a desordem ao invés da ordem. Geraram uma sensação de impotência por parte de quem assistia, de você não saber em quem pode confiar".
Ele condena a atitude dos populares mas também critica a reação da GM em revidar os ataques, jogando cocos e outros objetos de volta. "Eles não podem cometer o mesmo erro. Isso demonstra um despreparo imenso", desabafa.
Para um empresário paulista de 39 anos, que também assistiu ao incidente, a atitude dos banhistas revelou um descaso da sociedade com o poder municipal. "Eu vi os guardas na praia, na areia, fazendo alguma abordagem, e, de repente, os policiais começaram a sair correndo em direção ao calçadão enquanto as pessoas arremessavam coisas na direção deles. Fiquei indignado", relatou.
Ele contou que os banhistas chamavam os agentes de pobres, desqualificados e burros. "Só tinha gente bonita ali, gente jovem. Eu parto do princípio que a maioria dos que estavam ali eram esclarecidos".
Ainda segundo o empresário, ao perceber as opiniões revoltadas dos banhistas diante da ação da GM, ele decidiu se oferecer para depor a favor dos policiais. "Fiquei muito assustado e me senti inseguro. Por mais que eu não seja carioca, eu sou brasileiro. O que eu percebo é que a sociedade não respeita a polícia, nem o poder público. Quem que eles vão respeitar? São pessoas que não têm medo de nada. Falei porque achei que tinha que falar".
A Guarda Municipal do Rio de Janeiro divulgou nota, nesta quarta-feira, explicando que a ação decorreu de uma situação anterior com um banhista que teria desacatado e ameaçado os policias. Na tarde de ontem, esse mesmo jovem, segundo o órgão, estava na praia e teria afrontado os policiais quando eles tentavam coibir a prática esportiva do "altinho", proibido nas areias cariocas. A GM informou que cinco guardas ficaram feridos sem gravidade no incidente.
O empresário, que não quis se identificar, teme que situações como essa possam gerar episódios mais graves, ainda mais na ocasião da Copa do Mundo, que será realizada no Brasil em 2014. "Acabou esse negócio de favela e pacificação. Agora é a própria sociedade que protagoniza os momentos de terror", desabafa.

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