A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp/MJ) vai investigar o uso de cinco ônibus cedidos pelo governo federal à Prefeitura do Rio, em 2013, para apoio no combate ao crack. Cada um dos veículos custou R$ 850 mil, totalizando um investimento de R$ 4,25 milhões. Fotos e vídeo fornecidos por guardas municipais ao EXTRA mostram que os ônibus não funcionavam como deveriam. Um deles foi adaptado para o programa Centro Presente sem o conhecimento do MJ. O programa é uma Parceria Público Privada entre a Prefeitura do Rio e a Fecomércio-RJ.
Segundo fontes da Guarda Municipal e da Secretaria municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), os ônibus não atuavam como determinava o programa “Crack,é possível vencer”, ou seja, com uma equipe multidisciplinar. Um vídeo gravado na semana passada, na Lapa, mostra o interior de um dos ônibus com todos os aparelhos desconectados. Nele, o guarda municipal responsável por tomar conta do equipamento diz que “não vem assistente social, não vem ninguém” e “ele (o ônibus) só está aqui porque alguém do governo federal rastreou esses ônibus e viram que estavam no BG (Batalhão da Guarda Municipal) parados, aí meteram bronca lá”.
Ontem, o EXTRA foi à Praça Mauá, no Centro, onde estava o ônibus modificado. Sem se identificar como jornalista, a reportagem questionou um dos agentes do Centro Presente se eles estavam ali para dar apoio ao combate ao crack. O agente respondeu que não, que estavam ali para dar “atendimento à população em geral” e que o ônibus servia para dar apoio a agentes que faziam a segurança da região.
Agentes serão fiscalizados
Também ontem, o EXTRA observou dentro de um dos ônibus, na Praça Mauá, apenas dois agentes do programa, um digitando no smartphone e o outro falando ao celular. Leandro Matieli, secretário municipal de Ordem Pública, destacou que a operação é recente e que a atuação dos agentes será fiscalizada.
O secretário negou que os ônibus não estivessem sendo usados.
— Tenho ônibus na Lapa, outro direto com a Assistência Social e dois em manutenção — disse Matieli, acrescentando que os ônibus em manutenção também vão integrar o Centro Presente e vão para o Largo da Carioca e para a Cinelândia.
João Luís de Souza, presidente do Sindicato dos Guardas Municipais do Rio de Janeiro, rebateu a afirmação e destacou que os veículos estão sendo destinados para um programa de segurança da iniciativa privada:
— Eles nunca foram para a rua. E quando você pega esse ônibus e coloca no Centro Presente, você dá fim alheio, para um destino que não é o que está no convênio assinado pela Prefeitura do Rio e com os três ministérios (da Justiça, da Educação e da Saúde), que é o combate ao crack.
A Operação Segurança Presente afirmou que o programa Centro Presente não é de iniciativa privada, uma vez que a verba de R$ 47 milhões, válida para um ano de atuação, será dividida entre a prefeitura do Rio e a Fecomércio.
Em nota, a Fecomércio disse que é apenas “o parceiro investidor” e não operacional.
DEPOIMENTO: ‘Se não houver assistente, cabe à gente exigir’
“A gente está buscando aperfeiçoar o uso do equipamento. Ali, no ônibus, você não faz o tratamento de dependentes químicos. O papel do ônibus é ser uma base de apoio. Se não houver assistente social ali, de forma ativa, cabe à gente cobrar deles, exigir esse empenho. Mas a operação começou anteontem. Está num processo de adequação”.
Confira, na íntegra, a nota do Ministério da Justiça:
“A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça irá realizar, o mais breve possível, uma fiscalização aos equipamentos, como já era previsto. Eventuais irregularidades são passiveis de processo administrativo. Os veículos custaram cerca de R$ 850 mil, cada um”
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/ministerio-da-justica-vai-apurar-uso-de-cinco-onibus-de-combate-ao-crack-pela-prefeitura-do-rio-19652477.html#ixzz4DcqrIs00
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