Rio -  Mesmo sem participar diretamente da Rio+20, moradores de bairros que estão na rota da conferência das Nações Unidas — e enfrentavam o pesadelo do crack próximo às suas casas — aprovaram o evento. O DIA percorreu bairros e constatou, que, com o policiamento reforçado pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal, ruas da Glória, Catete e Centro, por exemplo, estão do jeito que população quer: praças e calçadas livres e mais seguras.
Usuários de crack assustavam moradores na Glória. Região agora é policiada | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Usuários de crack assustavam moradores na Glória. Região agora é policiada | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
No Largo da Glória, por exemplo, houve reforço no patrulhamento para a Rio+20, mesmo com o Morro Santo Amaro ocupado pela Força Nacional de Segurança, o que não havia sido suficiente para afastar viciados.
“Só esperamos que, após o término da conferência, o governo não permita o retorno dos consumidores de crack para as ruas aqui da Glória. Está muito bom poder abrir meu comércio sem ter que expulsar os usuários da minha porta. Espero que esse reforço permaneça”, diz um comerciante, que prefere não se identificar.
Já a moradora Rosa Maçulo, de 79 anos, lembra que, desde que a Rio+20 começou, ela deixou de ser abordada todas as vezes que sai de casa por usuários de crack pedindo dinheiro. “Alguns usuários de crack tentavam arrancar a minha bolsa. Isso acontecia pelo menos cinco vezes entre a minha casa e a padaria, todas as manhãs, quando voucomprar pão”, contou.
“Tivemos a ocupação do Morro Santo Amaro, a instalação da Unidade de Ordem Pública do bairro e agora o reforço da Rio+20. Já tinha diminuído, mas agora estamos com ‘zero cracudos’ nas ruas. Acho que não vai ser como dois meses atrás, mas é possível que alguns usuários voltem. Bom mesmo seria se isso acabasse", torce Wilson Guedes, presidente da Associação de Moradores da Glória.
Mudança de local
Outros moradores, como o aposentado Raul Siqueira, de 73 anos, também comemoram, mas ainda encontram reclamações para fazer sobre a segurança da região. “Eles saíram das calçadas aqui do Largo da Glória e deixaram o espaço público livre para quem mora na área”, comemora o aposentado.
Para Terezinha Araújo, de 64 anos, a solução está na gestão da segurança: “Falta organização, um administrador que estabeleça como o policiamento deve ser feito. Mas estou aproveitando para fazer caminhadas e curtir mais o meu bairro”, comentou ela.
Fim da venda seria ordem do tráfico
A ordem para suspender a venda de crack no Complexo de Manguinhos, informada em cartaz na favela conforme foto divulgada pela ONG Rio de Paz nesta terça-feira, seria uma determinação dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho, segundo o comandante do 3º BPM (Méier), coronel Ivanir Linhares Fernandes.
Rapaz prende cartaz em poste a pedido de integrante da ONG | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Rapaz prende cartaz em poste a pedido de integrante da ONG | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
“Temos informações do Disque-Denúncia de que a ordem era para vender até acabar o estoque e suspender”, disse. Ele acrescentou que a determinação deverá ser seguida nas comunidades dominadas pela facção.
No Jacarezinho, a venda de crack estaria suspensa desde sábado. Na tarde de ontem, O DIA acompanhou integrantes do Rio de Paz na favela. A ONG confeccionou novo cartaz anunciando a proibição, que foram afixados por moradores na Garganta do Diabo, principal localidade onde a droga era vendida. O presidente da ONG, Antônio Carlos Costa, fez vídeos com usuários que estão deixando a comunidade em direção a outras áreas.http://odia.ig.com.br/portal/rio/seguran%C3%A7a-para-rio-20-deixa-%C3%A1reas-livres-de-crack-1.454504