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sábado, 20 de abril de 2013

No Rio, guardas municipais fazem protesto para "inglês" ver


Rio

No Rio, guardas municipais fazem protesto para "inglês" ver

Com cartazes escritos em língua estrangeira, eles querem alertar turistas para condições de trabalho

Jornal do BrasilÍris Marini
Em tempos de repercussão negativa da imagem do Rio pelos quatro cantos do planeta, por conta do estupro de uma turista  dentro de uma van e as polêmicas e atrasos envolvendo as obras do Maracanã para a Copa, guardas municipais adotaram uma estratégia diferente para protestar. Com cartazes escritos em inglês, a categoria deixou claro, durante manifestação na manhã desta quinta-feira (18) em frente à prefeitura do Rio, na Cidade Nova, que querem passar uma mensagem direta aos turistas.
"Queremos que os milhões de turistas que virão para a cidade durante a Jornada Mundial da Juventude e a Copa saibam como os profissionais responsáveis pela segurança são tratados pela prefeitura", disse um dos manifestantes que se identificou apenas como guarda Moura.
Com cartaz em inglês, guardas municipais mandam mensagem para turistas: salário de fome
Com cartaz em inglês, guardas municipais mandam mensagem para turistas: salário de fome
O protesto dos guardas municipais contou com o reforço dos professores da rede municipal, que também fizeram manifestação em frente à prefeitura por melhores salários. Os GMs reivindicam equiparação de salários com os dos servidores do ensino médio (R$ 1.300). 
Atualmente, "a categoria recebe R$ 705" - a remuneração mensal é composta de vencimento-base, no valor de R$ 705,75, acrescido de encargos especiais pelo exercício da atividade de risco, no valor de R$ R$ 705,75, conforme legislação em vigor, chegando ao total de R$ 1.411,50, além de benefícios de R$ 481 -, segundo os manifestantes. Já os profissionais de educação, protestam também contra a terceirização do serviço de portaria e de merendeiras e tentam negociar melhor condição salarial. A manifestação reuniu cerca de 350 pessoas.  
Assessoria de comunicação diz que "principal pleito" dos guardas já foi atentido
A assessoria da GM afirma que "o valor da remuneração foi alcançado graças a uma gratificação complementar oferecida desde o último ano, que fez dobror o salário que era pago antes da transformação dos guardas em servidores estatuários, em 2009". 
Conforme nota enviada ao Jornal do Brasil, o órgão da prefeitura alega que "com a mudança de regime, que era o principal pleito da categoria, os guardas passaram a usufruir também de todos os benefícios concedidos aos demais servidores da Prefeitura do Rio. Além disso, foi autorizado o pagamento de triênios retroativos a 1993, beneficiando cerca de 5,5 mil guardas. Os profissionais tiveram, ainda, aumento de 62% no valor do benefício alimentação no último ano", diz o texto do comunicado.
Ainda de acordo com a instituição, "o  comando da Guarda está elaborando um plano legítimo de carreira, que leva em conta critérios técnicos como o mérito, antiguidade e formação acadêmica como fatores de promoção. O projeto está sendo elaborado com o acompanhamento da Procuradoria Geral do Município (PGM). O plano representará uma evolução do Sistema de Avaliação de Desempenho que sempre existiu na GM-Rio desde a época em que os Guardas eram celetistas. Tudo está sendo feito de forma transparente", conclui a assessoria da Guarda Municipal, apesar de não satisfazer os servidores da GM que hoje protestavam.
Insatisfeitos com salários, guardas seguem em protesto
Após o ato na frente do prédio, os guardas seguiram em marcha para a Cinelândia. Já os professores permaneceram no local enquanto aguardavam serem recebidos pela prefeitura. Uma comissão de profissionais da Educação chegou a tentar entrar no prédio, mas foram impedidos por guardas municipais que trabalham no local. Eles fecharam as portas de grade do local enquanto os manifestantes gritavam: "Abre!". 
"Como pode um trabalhador ao qual sua categoria é parceiro de luta aqui fora, fechar as portas da Secretaria de Educação para os educadores, que formam os seus filhos, na rede municipal?", questiona uma porta-voz do ato, no carro de som do grupo. 
O vereador Brizola Neto (PDT)tentou negociar a sua entrada junto à comissão com o inspertor Guimarães. Depois de muita insistência, o político deu a volta no quarteirão e conseguiu entrar na prefeitura, por outra porta, para negociar o acesso da comissão de manifestantes.
Secretaria Municipal de Educação nega diálogo com os educadores
A secretária Cláudia Costin não recebeu sequer Brizola Neto, que foi atendido por seus assessores, porque ela estaria em uma reunião. De acordo com o pedetista, na conversa, os assessores mostraram que Costin "não está aberta a diálogos, nem pretende falar com a categoria". 
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Apesar disso, foi marcada uma reunião, na próxima quarta-feira (24), às 10h30, com diretores, professores e pais de alunos do CIEP Luiz Carlos Prestes, uma de várias escolas de horário integral, que foram prejudicadas com a redução de horas feita pela secretaria. Foi o que afirmou os ativistas, a respeito da situação das escolas de horário integral que com a mudança encontram dificuldades juntos aos pais, alunos e funcionários.
Reivindicações vão além da campanha salarial
Assim como a guarda municipal, os profissionais de educação também lutam por melhores salários, exigindo um plano de carreira unificado e a realização de concursos para professores. 
"Estão faltando professores na rede municipal e eles exigem que os novos concursados, que são o educadores de 40h, tenham dedicação exclusiva, mas pagam o mesmo salário de quem não dá a exclusivade. Nós queremos um debate com a secretária de educação, que nunca acontece", reclama Elson Paiva, diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) - Central.
Outro ponto criticado pelos professores é a crescente violência em salas de aula. De acordo com integrantes do Sepe, funcionários agredidos em escola acabaram desenvolvendo síndrome do estresse pós-traumático e não conseguiram voltar à atividade. No entanto, de acordo com os sindicalistas, não tiveram direito a benefícios por acidente do trabalho - como previsto no Art. 99 do Estatudo do Servidor - , o que garantiria a aposentadoria com salário integral.
Segundo Elson, "a má qualidade da merenda e até a falta dela também são motivo de reivindicação do sindicato", que se queixa ainda da retirada da grade do ensino municipal das aulas de Espanhol e Francês.
Maria Eduarda, que representa o Ensino Infantil do município critica a conduta da prefeitura em prol da Prova Brasil, sistema de avaliação da Educação Básica. "Eles querem adestrar nossos alunos, para que vão bem na Prova Brasil, porque é só isso que interessa a eles. Mas, nós queremos construir uma educação infantil de qualidade", conclui a professora.
Medida judicial tentou impedir a paralisação dos professores 
A justiça do Rio concedeu à Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) o direito de aplicar multa de R$ 500 mil ao Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE), através de uma liminar. A medida judicial visa punir a categoria caso ela mantivesse a Greve de Advertência marcada para os dias 16,17 e 18 de abril, conforme fizeram.
Os profissionais de educação afirmaram que uma equipe do setor jurídico já se encarrega de suspender esta liminar e que, de qualquer maneira, eles "não temem a represália da justiça,  que teria conluio com o Governo do Estado".

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