Rio
No Rio, guardas municipais fazem protesto para "inglês" ver
Com cartazes escritos em língua estrangeira, eles querem alertar turistas para condições de trabalho
Jornal do BrasilÍris Marini
O protesto dos guardas municipais contou com o reforço dos professores da rede municipal, que também fizeram manifestação em frente à prefeitura por melhores salários. Os GMs reivindicam equiparação de salários com os dos servidores do ensino médio (R$ 1.300).
Atualmente, "a categoria recebe R$ 705" - a remuneração mensal é composta de vencimento-base, no valor de R$ 705,75, acrescido de encargos especiais pelo exercício da atividade de risco, no valor de R$ R$ 705,75, conforme legislação em vigor, chegando ao total de R$ 1.411,50, além de benefícios de R$ 481 -, segundo os manifestantes. Já os profissionais de educação, protestam também contra a terceirização do serviço de portaria e de merendeiras e tentam negociar melhor condição salarial. A manifestação reuniu cerca de 350 pessoas.
Assessoria de comunicação diz que "principal pleito" dos guardas já foi atentido
A assessoria da GM afirma que "o valor da remuneração foi alcançado graças a uma gratificação complementar oferecida desde o último ano, que fez dobror o salário que era pago antes da transformação dos guardas em servidores estatuários, em 2009".
Conforme nota enviada ao Jornal do Brasil, o órgão da prefeitura alega que "com a mudança de regime, que era o principal pleito da categoria, os guardas passaram a usufruir também de todos os benefícios concedidos aos demais servidores da Prefeitura do Rio. Além disso, foi autorizado o pagamento de triênios retroativos a 1993, beneficiando cerca de 5,5 mil guardas. Os profissionais tiveram, ainda, aumento de 62% no valor do benefício alimentação no último ano", diz o texto do comunicado.
Ainda de acordo com a instituição, "o comando da Guarda está elaborando um plano legítimo de carreira, que leva em conta critérios técnicos como o mérito, antiguidade e formação acadêmica como fatores de promoção. O projeto está sendo elaborado com o acompanhamento da Procuradoria Geral do Município (PGM). O plano representará uma evolução do Sistema de Avaliação de Desempenho que sempre existiu na GM-Rio desde a época em que os Guardas eram celetistas. Tudo está sendo feito de forma transparente", conclui a assessoria da Guarda Municipal, apesar de não satisfazer os servidores da GM que hoje protestavam.
Insatisfeitos com salários, guardas seguem em protesto
Após o ato na frente do prédio, os guardas seguiram em marcha para a Cinelândia. Já os professores permaneceram no local enquanto aguardavam serem recebidos pela prefeitura. Uma comissão de profissionais da Educação chegou a tentar entrar no prédio, mas foram impedidos por guardas municipais que trabalham no local. Eles fecharam as portas de grade do local enquanto os manifestantes gritavam: "Abre!".
"Como pode um trabalhador ao qual sua categoria é parceiro de luta aqui fora, fechar as portas da Secretaria de Educação para os educadores, que formam os seus filhos, na rede municipal?", questiona uma porta-voz do ato, no carro de som do grupo.
O vereador Brizola Neto (PDT)tentou negociar a sua entrada junto à comissão com o inspertor Guimarães. Depois de muita insistência, o político deu a volta no quarteirão e conseguiu entrar na prefeitura, por outra porta, para negociar o acesso da comissão de manifestantes.
Secretaria Municipal de Educação nega diálogo com os educadores
A secretária Cláudia Costin não recebeu sequer Brizola Neto, que foi atendido por seus assessores, porque ela estaria em uma reunião. De acordo com o pedetista, na conversa, os assessores mostraram que Costin "não está aberta a diálogos, nem pretende falar com a categoria".
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Apesar disso, foi marcada uma reunião, na próxima quarta-feira (24), às 10h30, com diretores, professores e pais de alunos do CIEP Luiz Carlos Prestes, uma de várias escolas de horário integral, que foram prejudicadas com a redução de horas feita pela secretaria. Foi o que afirmou os ativistas, a respeito da situação das escolas de horário integral que com a mudança encontram dificuldades juntos aos pais, alunos e funcionários.
Reivindicações vão além da campanha salarial
Assim como a guarda municipal, os profissionais de educação também lutam por melhores salários, exigindo um plano de carreira unificado e a realização de concursos para professores.
"Estão faltando professores na rede municipal e eles exigem que os novos concursados, que são o educadores de 40h, tenham dedicação exclusiva, mas pagam o mesmo salário de quem não dá a exclusivade. Nós queremos um debate com a secretária de educação, que nunca acontece", reclama Elson Paiva, diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) - Central.
Outro ponto criticado pelos professores é a crescente violência em salas de aula. De acordo com integrantes do Sepe, funcionários agredidos em escola acabaram desenvolvendo síndrome do estresse pós-traumático e não conseguiram voltar à atividade. No entanto, de acordo com os sindicalistas, não tiveram direito a benefícios por acidente do trabalho - como previsto no Art. 99 do Estatudo do Servidor - , o que garantiria a aposentadoria com salário integral.
Segundo Elson, "a má qualidade da merenda e até a falta dela também são motivo de reivindicação do sindicato", que se queixa ainda da retirada da grade do ensino municipal das aulas de Espanhol e Francês.
Maria Eduarda, que representa o Ensino Infantil do município critica a conduta da prefeitura em prol da Prova Brasil, sistema de avaliação da Educação Básica. "Eles querem adestrar nossos alunos, para que vão bem na Prova Brasil, porque é só isso que interessa a eles. Mas, nós queremos construir uma educação infantil de qualidade", conclui a professora.
Medida judicial tentou impedir a paralisação dos professores
A justiça do Rio concedeu à Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) o direito de aplicar multa de R$ 500 mil ao Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE), através de uma liminar. A medida judicial visa punir a categoria caso ela mantivesse a Greve de Advertência marcada para os dias 16,17 e 18 de abril, conforme fizeram.
Os profissionais de educação afirmaram que uma equipe do setor jurídico já se encarrega de suspender esta liminar e que, de qualquer maneira, eles "não temem a represália da justiça, que teria conluio com o Governo do Estado".
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